quinta-feira, 29 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ain't No Mountain High Enough

*Postagem programada*

Da série "Sou guriazinha mesmo":

(...) E vai ser tudo lindo, haverá flores - glicíneas de preferência - e estará frio, mesmo que as glicíneas só floresçam em Setembro. E vai estar tocando Buddy Holly e Ain't No Mountain Enough no repeat, durante horas, mas teremos a impressão de que só se passaram poucos segundos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Le Petit Prince.

*Post programado*

"- Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... Cativa-me! Disse ela. (...)"

O Pequeno Príncipe tem sido meu livro de cabeceira.
Não por ser bonito, mas porque faz sentido, sabe? Faz sentido...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Born Free.

Vai acabar sendo sempre assim.

Dentre todas as coisas inteligentes e notáveis que eu poderia te dizer eu sempre vou acabar escolhendo a mais idiota e verdadeira de todas.
Dentre os 365 dias do ano, você vai querer me matar em pelo menos 360 deles.
Dentre todas as coisas que a gente podia fazer, a gente sempre vai escolher nada.

E vai acabar sendo sempre assim.

domingo, 25 de abril de 2010

Kiss that grrrl.

That girl is giving you the eye, and I and I and I
Don't Like it how she makes you laugh so much
How when you're talking, that you touch
She's instantly more pretty and more interesting than me
She is thinking before she speaks
She is not all red and angry
I bet she doesn't like to eat
I bet her feet don't even stink!
I know your eyes are just for me... but..
.

Fernando Pando.

E aí você corre em círculos, até cair no chão.
No começo você até achava graça, mas agora isso te irrita de verdade.
E você corre, cai, corre.
E não para, até que esteja morto.

One week of danger.

Universo.
E tem umas coisas que eu realmente acredito, como aquela teoria de que existe uma cópia sua IDÊNTICA andando por aí.
E tem também umas coisas que eu tento acreditar, como nas 27 dimensões.

Mas aí sempre vem alguém e me diz para largar essas porcarias e começar a pensar em coisas importantes.

O que (quase) ninguém nota é que as coisas importantes são menos importantes e desnecessárias que as porcarias, ao menos para mim.

O que falta é respeito, sabe?
Respeito.

sábado, 24 de abril de 2010

The test.

Pessoas que não fazem o menor sentido.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

St Malo.

Te amo,
só que é pouco.

Tão pouco
que logo passo a desamar.

Tão pouco
que eu chego pertinho de te odiar.

Mas eu ainda assim te amo.
(Se é que isso importa.).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Da série: Diálogos intermináveis.

- Andei pensando em cortar o cabelo, que tu acha?
- Sei lá, gosto dele assim.
- Então não corto?
- Não.
- Mas aí ele vai crescer e deixar de ser assim. Uma hora vou ter que cortar.
- Então corta.
- Agora?
- Na hora que você quiser.
- Mas se eu cortar agora ele vai deixar de ser assim.
- Mas eu gosto dele assim.
- Pois é.
- Então corta noutra hora.
- Acho que sim. Não quero que ele fique muito comprido.
- Gosto dele curto.
- Curto assim ou mais curto?
- Curto assim.
- Bom, porque se fosse mais curto eu teria que cortar.
- Ahãm.
- É, gosto dele assim também, eu acho.
- Agora, enquanto ele for assim, você vai lembrar de mim.
- Vou.
- Droga, mas ele só vai ser assim até crescer e você cortar. Aí não vai mais ser esse cabelo... E se você não cortar também não vai ser assim.
- Tem razão.
- E agora?
- Agora eu não sei...
- Tenho medo de ir cortar e a mulherzinha cortar errado. Essas mulherzinhas raramente vão com a minha cara.
- Eu vou com você e encaro ela, aí ela fica com medo e faz tudo certinho.
- Jura?
- Juro.
- O que me lembra que eu tenho de ir tomar a vacina da tal gripe, e eu meio que tenho medo.
- Quer que eu vá com você?
- Aí você encara a mulherzinha e manda ela enfiar a agulha bem devagar?
- Não, aí eu seguro tua mão.

Le petit prince.

" - Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!
E um pouco mais tarde acrescentaste:
- Quando a gente está triste demais, gosta de pôr-do-sol...
- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?
Mas o principezinho não respondeu."

terça-feira, 20 de abril de 2010

Nota.

Caro mês de Julho, favor chegar logo.

Grata, M.

Blur.

Dentre todas as coisas bonitas e sentíveis do mundo, eu quero todas.

She's so loose.

Carregar sempre as luvas no bolso, por medo do frio que começa nas mãos e vai até o estômago.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Slow Motion Suicide.

"Continuo fornecendo amor, mas ele está tão rachado e despedaçado... A insanidade sorri, e estes são os dias em que nunca chove, mas sempre transborda."

Big Bang.

De vez em quando é bom ter café e janela, para discutir se todo o universo foi criado ou apenas aconteceu.

domingo, 18 de abril de 2010

A design for life.

Dias saturados de pressa e de pressão, com horas que não passam.
Dias que insistem em não morrer.

Hannah and I.

Sorte de hoje: Sorria. Isso basta

Tô rindo.

sábado, 17 de abril de 2010

Video game heart.

These streets are too straight for your video game heart.
So why don’t you just break some hearts.
Yeah, this world is too straight for your video game heart.
So why don’t you just break some hearts.
I’m waiting for you to call.
I’m waiting for you to come over.
I’m waiting to fall for you.
So you can just fall for her.
Oh don’t you know that it breaks my heart in two,
each time I hear you’re thinking of me.
And when it seems like you don’t really care,
Somehow it makes me think I love you.

Paris.

E nem vem com essa que eu te olho por cima dos óculos porque sou prepotente.
É porque as hastes estão largas mesmo.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Home, sweet home.

"Eu acho que um dia eu vou casar. Não sei, mas se eu achar alguém que eu ame, não quero deixar passar. Imagino que eu possa ter filhos, construir uma família. Tudo bem comercial de margarina, tudo bem feliz."
"Hum."
"Hum, tudo o que tem a me dizer sobre meus planos de vida é "Hum"?"
"Acho que é, quer que eu diga o que?"
(...)
"Mas e você, little Roberts, quais são seus planos?"
"Eu sei lá. Vou fazer qualquer coisa, ter um gato para chamar de Fritz e completar minha coleção de HQ's."
"Só isso?"
"Como assim "Só isso?" Esse é meu plano de vida."
"E se isso der errado?"
"Aí eu coloco a culpa em você."
"Hahaha."

Babaca, ainda não entendi o motivo dos risos.

When I grow up.

E, independente do que você (ou qualquer pessoa) me diga, eu sempre vou guardar a convicção de que você só chega mais alto que eu porque em certos momentos tenho medo de altura.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pop Nonsense.

Se você buscar "Marjorie" no Google ele vai sugerir "Persona non grata".

Dogs Die In Hot Cars.

Dia parado.
Dia de tédio.
Dia de absolutamente nada.

Acordei sem problemas, sem ter ninguém para culpar por absolutamente nada.

Acho os dias assim um porre. Um porre colossal.

Coleção de pseudo-textos totalmente destacáveis e aleatórios.

Comece sempre pela parte da frente, pelo começo. É mais fácil. Assim você arranca inteiro, sem deixar nenhum pedaço. Sem vestígios. Se restarem pequenos pedaços, cuidado, pois eles podem se espalhar. Atente ao fato de não podermos usar mais nada, a não ser as unhas. Temos de remover tudo isso, mesmo que esteja lá no fundo. Não arranhe a si mesmo.

-

Só iria acabar. Apenas duas pessoas de fato saberiam e apenas uma delas sentiria falta.
Por um prisma positivista, nenhuma delas. Mas, bem, não é isso o que você quer. Você quer ir
lá, acabar com ela e, quem sabe, cuidar muito bem dele. Eu te olho e sinto medo do que está
por vir. Mas ficarei junto. Torcerei pelo fim. Sem lembranças e arranhões. Sem essa porra de aprendizado moralista. Quem viveu sabe como é, e não me parece justo um bando de vadias falando porcarias em seus ouvidos.
Pare de escutar, pare de viver, pare de sentir. Só, por favor, não pare de pensar. Seria insuportável ter de te olhar nos olhos e não ver nada. Prefiro o brilho que o vazio. Apesar de tudo, você é a única que me faz feliz, e, eu te amo muito por isso.

-

Eu ainda não sei muito sobre você. Nos conhecemos a muitos anos, mas, pelo que vejo, você já não é mais a mesma.
Recordo-me facilmente do episódio do castelo. Eu olhava você brincando e seu sorriso brilhava. Agora, quando olho você, o sorriso já não está mais em sua boca. Seus olhos trazem pensamentos. Seus olhos são frios e profundos. Sabe, é disso que eu gosto. Apesar de tentar-los ofuscar com essas pesadas lentes, você não consegue. Eles trazem tristeza sim.
Mas é mais que isso. Trazem uma conexão para comigo que muitas vezes me faz estremecer. Queria saber mais de você, para entender tudo isso.
Gostaria de decifrar os seus mistérios. De entender o porque dos calafrios que você me causa. Eu realmente não entendo. Você realmente precisa de alguém? Quando eu te olho, sinto que você se basta. Sinto que falta espaço para você, e que jamais caberia outra pessoa aí dentro.
Não é engraçado? Eu estou tentando te conhecer.

-

Eu sei, eu sei!
Só por favor, cale essa sua maldita boca e me escute!
Você não para de pensar nele e fica tentando enganar a si mesmo, dizendo que não liga. Você liga sim!
Pare de mentir, pare! Eu já não aguento mais! Você é muito instável! Fica falando besteiras, coisas sem sentido.
Isso provoca efeitos colaterias em mim. Eu sinto por dois. Por mim e por você.

-

Mas, e quando essa bosta toda realmente findar?
Você acredita mesmo que vai ficar para trás?
Você sabe que não!
Você sabe que isso irá tirar seu sono, que você vai ficar fazendo perguntas a si mesma. Sabe que elas não irão ter resposta.
Não me pergunte sobre o que aconteceria. Eu realmente não sei. Talvez você esqueça, de fato. Mas, algo lá dentro insiste em dizer para mim que não.
Insiste em dizer que você vai sofrer e ficar se perguntando: “É só isso, esse é o fim?"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quarta feira.

Pior que Bush? Só Polk...

-

A Amazônia é nossa - disse o brasileiro.
E o americano.
E o alemão.
E o inglês.

A Amazônia é de ninguém, muito menos de vocês.

-

Do what you waht cause pirate is free. You are... Mary blood!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Coffee and Tv.

Ou "Carta número 2".

"Eu nem te conheço. Digo, conheço teu avatar, que volta e meia pisca na tela do meu computador. Conheço esse teu humor meio sarcástico, teu jeito doce, culto. Conheço teus hábitos, teus vícios de escrita. Só não faz sentido conhecer o que eu sinto, essa vontade louca de simplesmente estar perto de você e te abraçar. Porque você tem o maior jeito de ser uma puta criatura abraçante, sabe? Na verdade, eu nem sei porque estou dizendo isso agora já que simplesmente não vai dar em... nada. Assim como todas as minhas quase-paixões, assim como acontece sempre.
Mas, acredite, se eu pudesse escolher por quem me enamorar, seria por você."

Amazing kids doing amazing shit.

Ou "Olha como a Roberts se apaixona fácil!"

"Então, já faz quanto tempo que nos conhecemos? Mais de um ano, de acordo com as minhas contas. Mas quero dizer que nos conhecemos de verdade. Eu acho que ainda não te conheço, embora guarde a certeza de que você pode me decifrar perfeitamente. É que eu tenho essa mania - que, na certa, te irrita, milhões de vezes - de ser totalmente aberta e explícita quanto ao que eu sinto. Não que você saiba exatamente o que eu sinto - ao menos nunca te contei - mas é que quando você me olha eu sinto que você sabe de tudo. Tudinho. Eu sinto que poderia te fazer qualquer pergunta. E na maioria das vezes eu faço. Eu faço mesmo já sabendo a resposta, mesmo sabendo que é uma pergunta idiota. É que eu gosto tanto do modo como seus olhos ficam pequenos quando você ri...
Eu gosto mesmo do jeito que você é - gosto até mesmo do modo como você me irrita - e ao mesmo tempo acho uma merda. Acho uma merda teus silêncios, o modo como você me deixa em dúvida.
Por favor, me diz alguma coisa. Me manda ir tomar no nariz, me diz algo que tenha cor, que tenha sentimento. Viver esperando o que nunca vai vir é difícil, sabe?
Me diz qualquer coisa, nem que seja tchau."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A lot of love, a lot of blood.

Pode ser que eu esteja errada - é bem provável que esteja - mas imagino que no dia em que eu realmente descobrir quem eu sou, o que eu quero e todas essas merdas, viver vai perder totalmente a graça. As vezes o que a gente precisa é só de uma pulguinha para se coçar.

Heart Problems*.

Anestesiar o que dói.

A cabeça,
o estômago,
o coração.

Colar o que foi quebrado.

O vaso,
a janela,
a ilusão.

Aquecer-se no frio.
Gelado só o coração.

*Ted Leo & The Pharmacists.

sábado, 10 de abril de 2010

Para tratar sua obsessiva compulsão pelos reis do ié-ié-ié.*

Acabara de acordar. Não fazia ideia do dia ou da hora, mas tudo lhe parecia incrivelmente igual. O céu estava cinza, e o único “Bom Dia” que ela escutou foi o vindo do velho rádio, que cuspia bonitas notas de uma canção dos Beatles - Good Day, Sunshine. Recebeu seu gato, Fritz, que possivelmente era seu único amigo não inventado, com um longo abraço. “Hoje o dia vai ser diferente, Fritz”, disse ela, mais para si mesma que para o gato. Estava cansada daquela rotina de dias intermináveis e noites frias. Era hora de mudar. A chaleira avisava que o chá estava pronto e uma gostosa réstia de sol invadia a sala. Uma nova música tocava, e esta descreveria seu humor. Here comes the sun.

*Faichecleres, Alice D.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

#

Passa depois que eu não ligo.
Não ligo desde que tudo seja perfeito
desde que meu coração não caiba no peito.

Passa depois que eu não ligo.
Desde que tudo faça sentido,
desde que possa te ter aqui comigo,
por toda nossa eternidade.

Passa mais tarde, mas vê se passa.
Faça todos esses anos terem um significado
Além de desgosto, espera, pecado.

Passa na hora que quiser,
mas venha sorrindo.
Venha triste,
mas ainda sentindo.
Quase morto,
mas ainda exibindo
os olhos que não cansam de brilhar.

Passa por mim,
ainda que nada seja assim.
Faz do jeito que quiser,
te aceito como vier.
Mas passa por mim.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Gotta have you.

Me disseram que eu só posso escolher um dos bonecos que estão na vitrine.
Acontece que eu quero o que está lá fora, no colo da menina.

Puta mundo injusto.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Untitle.

Não sou suicida.

Não sou suicida.

Não sou.

Puta desperdício de tempo ficar aqui.
Levanta e vai embora, vai.
Sai logo daqui, por favor.

Vai.
Cuida da tua vida.
Acerta teus problemas.

Acertar meus problemas. Caralho, não posso morrer sem acertar essas merdas.
Vou morrer para fugir e esses lixos vão me perseguir pela eternidade.

Droga.

Não vou me matar.

Não sou suicida.
Não sou.

Esse vento está tão gelado.
Merda.
Não consigo pensar com essa porra de vento bagunçando a merda do meu cabelo.

Acertei meu maior problema.
Fechei a porcaria da janela.
Grandes pessoas, grandes problemas.

(...)

Bosta, como é que isso funciona mesmo?
Para que serve isso?
É esse o tal do gatilho?

Droga.

domingo, 4 de abril de 2010

Silver Lining.

Quando ele tinha cinco anos abriu o portão e saiu correndo pela rua, gritando que não queria ser o irmão mais novo. Revoltado aquele menino.

Quando ele completou dez, fugiu de casa por uma tarde. Aí ele sentiu vontade de ir ao banheiro e voltou. Menino recatado, aquele. Não o tipo que abaixa as calças e se alivia em qualquer muro. Do tipo que tira os tênis (imaculadamente limpos) antes de entrar em casa e que se tranca no quarto para ler Shakespeare e assistir Truffaut. Tinha futuro aquele menino.

Quando ele tinha quinze ele se revoltou com o mundo. Não gostava de videogames, era um anarquista. Rock'n'Roll na cabeça e vazio no peito.

Deixou de ser menino. Completou seus vinte e poucos anos. Blé, nada melhorou. Tudo o que ele achou (sonhou) que aconteceria não aconteceu. Agora ele só fala em suicidio, de como irá disparar uma arma e explodir todos os seus miolos.

Inconformismo veio de fábrica.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Random #1


Tinha o humor ácido. Beijou a guria que era meio amarga. A vida era doce.

x

Sem tempo para desculpas. Ele disse: "Apenas vá. Vá logo."
Disse isso com a esperança de que ela insistiria para ficar. Mas ela virou as costas e foi. Nem se deu ao luxo de olhar para trás. Nunca mais a viu.

x

Estava na mesa. Sobre ela, um copo vazio.
Cheio de frio.

x

- Sonha comigo? - Disse a menina, já fechando os olhos.
- Sonho, é claro. Tudo o que você quiser...

Ele nem sequer dormia.

Alone Together.¹

Todos os dias, antes de dormir, ela rezava, pedindo para que tudo desse certo. Nada em especial, apenas... tudo. E antes de se deitar, ela virava o travesseiro, na esperança de que ao amanhecer encontrasse o seu próprio Maurice² lhe olhando. E ele nem precisava do cabelo ruivo, ou da bolsa mágica e da escada de soprar. Ele só precisava existir, ter um coração e gostar de flores, se possível. Só que ele nunca aparecia, o que já era de se esperar. Então, em todas as manhãs, ao olhar para todos os lados, ela soltava um longo suspiro, acompanhado de um "Está tudo bem".

Está tudo bem. Ela sempre dizia isso, mesmo não estando. E quase nunca estava. Não que ela passasse por grandes problemas, ou algo que o valha. Aliás, seu único e maior problema era ver seus sonhos serem despedaçados todos os dias. E não por alguém em especial. O que acontecia era que, ao abrir a porta, ela sentia que o mundo lá fora queria devorar tudo o que ela acreditava, sentia, esperava. E o mundo conseguia.

Quando falo "o mundo", não quero citar o Planeta Terra, como ser vivo. Não, não estamos em "A vingança de Gaia". O mundo, na verdade, trata-se do seu mundo. Aquelas pessoas, com quem cruza todos os dias, que conhecem o seu rosto, mesmo sem saber o seu nome. Que conhecem o movimento que os cabelos dela fazem, quando ela está apressada, mas que não sabem nada além disso. Apenas uma imagem superficial do que ela poderia ser. E essa ideia a encantava. Cada pessoa - cada merdinha de ser vivo dessa porra de universo - poderia ter uma interpretação diferente sobre ela, mesmo sem a conhecer. E ela também o fazia, a todo instante. Era uma mania quase que maníaca, de dar um nome, personalidade - de criar uma vida - para toda e qualquer criatura que cruzasse seu caminho. E isso, que era para ser uma distração, um passatempo, acabava deixando-a triste.

A vida de todo mundo era melhor que a dela.

¹Strokes.
²A Árvore dos Desejos, William Faulkner.