sábado, 31 de julho de 2010

Sobre o que já foi.

Minha primeira postagem escrita a luz do dia. Sirvam o champagne.

Eu adoro essa impressão de ordem que meu quarto está passando agora. Tudo no seu devido lugar, como não acontecia há algum tempo. Limpei tudo, me livrei de coisas que já não faziam mais sentido. Sinto um enorme prazer por tê-lo feito.

O dia está quente, ensolarado. O céu está azul. Meu tipo de dia preferido. Venta bastante, mas o vento que sopra não é gelado. É gostoso. Um leve cheiro de fumaça é perceptível.

Dias assim, com esse vento, esse céu e esse cheiro, me lembram da minha infância, de quando passava as férias na casa da minha vó. Este seria um dia típico para que meu tio queimasse os galhos recém cortados da paineira e do chorão. Talvez queimasse junto algum sapê. A gente queimava essas coisas em uma clareira, que ficava um pouco adiante da casinha na árvore, mas em direção ao muro, não ao local em que enterrávamos os gambás. Existem muitos gambás naquela casa, mesmo que ela esteja localizada dentro de Curitiba, e não seja isolada. De madrugada, vez ou outra, conseguimos escutar os passos deles, no telhado. Então encarregávamos de colocar veneno (pois sim, é uma crueldade) junto a comida que eles pegavam. Tardando ao máximo, dentro de duas manhãs estávamos subindo na parte interior do telhado (o sótão, por assim dizer) munidos de sacolas e protegendo o rosto com panos. Passávamos pelas salas correndo e íamos até a floresta, sepultar os bichinhos. Mas gambás não foram os únicos animais que já enterramos. Antes de ter vendido parte do terreno para a construção de um condomínio, a floresta era maior. Encontrávamos cobras, macacos e tucanos. E tinhamos cavalos. Minhas lembranças deste tempo são bem apagadas. Lembro-me bem das férias, onde todos os meus primos se reuniam lá. Meu avô pregou uma cesta de basquete, e eles sempre me deixavam ganhar. Certas vezes jogávamos a bola para o outro lado do muro. Motivo para passar pela nossa portinhola secreta e ir desbravar mares nunca dantes navegados. Matávamos nossas tardes pulando exaustivamente na nossa cama elástica e no fim do dia meu avô descia a escada externa da cozinha, sempre munido de doces e coisas que adorávamos comer. Mais tarde existia a fila do banho, onde todos eram distribuidos entre os banheiros da casa. Depois da janta, jogávamos na sala. Depois dos jogos, deitávamos, já exaustos, todos juntos, no quarto em frente a cozinha (Ponto estratégico para fugas noturnas, em busca de resto de sonhos e gengibirra). De manhã bem cedo, meu avô preparava um nescau (o único nescau que não me recuso a beber) divino, vitamina de abacate e coisas assim. Logo depois da higiene matinal, corríamos para o mato, para o desespero da minha avó. Sujávamo-nos por inteiro, ora na árvore panela, ora amarrando cordas para uma tirolesa. Os dias passavam sem pressa, e mesmo assim eram rápidos. As noites caíam suavemente, e eu desejava aquilo para sempre.

Pois bem, cresci.
Crescemos.
Mudamos.
Separamo-nos.

Mas essas lembranças estão tatuadas definitivamente no meu cingulado anterior.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Contato imediato de zero grau.

Início de transmissão.
Latitude 25º25 s, 23:42, tocando "Hora de Partir", da Sabonetes.

Bem, agora já são 23:43.
As minhas cortinas estão abertas, assim como ontem. Aliás, gostaria de ter escrito este texto ontem. De madrugada, o céu estava no meu tom noturno preferido: Aquele marrom avermelhado, quase preto em cima, e bastante neblina. Particularmente excluiria a neblina, mas tudo bem. O céu estava bonito, e a lua estava enorme.

Agora está tocando "Hotel".
"Ah, o tempo passa e eu penso demais, para dizer ao vento o que me satisfaz, tanto faz, o tempo passa e eu penso demais. Pode ser que eu tenha te deixado para trás... E eu sigo... E eu minto... E eu sinto"

A lua de hoje está bonita também. Um pouco menor, mas igualmente brilhante. Eu sou apaixonada pela luz da lua. Hoje está ventando mais, e as nuvens estão brincando de cobrir o luar. É engraçado. Toda vez em que vejo a lua sendo coberta assim eu me lembro de algo, que na verdade não sei se é lembrança ou invenção. Meu tio avô tinha um consultório odontológico no centro de Curitiba (do lado daquela confeitaria maravilhosa! Olhe só, ponto estratégico...) e ele sempre me deixava brincar com umas seringas (não eram bem seringas... Bem, imagino que serviam para  aplicar aquela massinha das restaurações, mas isso não vem ao caso.) Não me lembro bem ao certo do consultório, mas ele era grande, e na verdade nem parecia um consultório odontológico. Voltando a lua, toda vez que eu olho ela assim, me lembro dos azulejos azuis do banheiro. Mas não era aquele azul de velha, era um azul escuro e bonito (aliás, tenho um esmalte com o tom similar!). Loucura, né? Eu vejo a lua e lembro de azulejos que talvez cobriram o banheiro do consultório odontológico do meu tio avô. E mesmo assim acho a lua bonita.

Eu não sei o motivo de estar escrevendo isso. Na verdade eu queria ter contado isso para alguém. Mas alguém não existe. Eu sei que é clichê e chato falar sobre isso, mas ninguém se importa com esse tipo de coisa.

A ventarola do meu quarto está aberta e o vento que sopra é gelado. E eu estou escutando Sabonetes. Tá aí outra coisa engraçada. Em Janeiro eu estava nesta mesma posição, escutando as mesmas músicas, mas com a janela totalmente escancarada e os pés para fora. E eu passava as madrugadas sonhando. Acordada.

23:57, e a lua foi coberta.

Ontem, mais ou menos neste horário, ou talvez um pouco mais tarde, eu estava olhando para o céu e lembrando da época em que eu acampava. Quando isso acontecia, eu sempre me dispersava para olhar o céu. As estrelas eram em maior número, eram mais brilhantes... Lembro de uma vez em particular. Não sei o local, nem a data, nem nada, mas lembro que subi um morro, com alguém, e vi, lá de cima, os carros passando na estrada, lá longe. Só os faróis brilhando. E o céu. E as estrelas.

Hoje o céu não tem estrelas. A lua está coberta. Não está quente e meus pés não estão para fora.

E eu já não sonho mais.

00:01, fim de transmissão.

domingo, 25 de julho de 2010

Vida presa em um loop de dias vazios.

x

Vou vender ela no Mercado Livre. "Pouco danificada".

x

"Eu quero saber, qual vai ser a tua. A minha é não querer dar continuidade ao que parei."

x

Nem dor, nem nada.
Só vazio.

x

Acontece que as respostas de ontem já não servem para as perguntas de hoje.

x

"He was deep like a graveyard, wired like TV."

x

"Me especializei em ser ninguém e ficar invisível, sempre no meu canto observando sem saber"

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"Eu sinto falta das minhas reações químicas. Era tudo mais fácil. Você manipulava e virava etanol!"

De vez em quando eu solto uns comentários aleatórios que só tem graça para mim.

terça-feira, 6 de julho de 2010

λ

Foi na aula de física.
"Essa merda não faz sentido."

Claro que faz Marjorie, claro que faz.

domingo, 4 de julho de 2010

Slow motion suicide.

"Você nunca me disse!"
"Você nunca me perguntou!"

o fato de eu não me demonstrar claramente não quer dizer que eu não sinta.

sábado, 3 de julho de 2010

22

Rodriques diz:
Mas, calma, Marjorinha, eu vou encontrar minha alma gêmea.
QUE ME CHAME DE LINDA AO INVÉS DE GOSTOSA.
Marjorie diz:
HAHAHAHAHA, Que te ligue de volta quando tu desligar na cara dele…
Rodriques diz:
Que deite embaixo das estrelas e escute as batidas do meu coração, ou que permaneça acordado só para me observar dormindo…
Marjorie diz:
O homem que te beije na testa.
Rodriques diz:
Que queira me mostrar para todo mundo mesmo quando eu estou suando…
Marjorie diz:
HAHAHAHAHAAHAH, um homem que segure tua mão na frente dos amigos dele…
Rodriques diz:
Que me ache a mulher mais bonita do mundo mesmo quando estou sem nenhuma maquiagem e que insista em me segurar pela cintura…
Marjorie diz:
Aquele que te lembra constantemente o quanto ele se preocupa contigo e o quaõ sortudo ele é por estar ao teu lado…
Rodriques diz:
Aquele que esperara por mim…
Marjorie diz:
Aquele que vire para os amigos dele e diga "É ela, a mulher da minha vida!"
Rodriques diz:
ME ABRAÇA, AMIGS//

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nota.

Saudades do tempo em que eu era praticamente Vulcana.

Sobre a copa do mundo.

O Brasil perdeu.
Fim.

A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu e a noite esfriou, mas a gente ainda está respirando e... aqui. É claro que a sensação de perder algo é horrível, e você tem o direito de ficar BOLADÃO, mas isso é algo que acontece e que se supera. Essa organização de prioridades de boa parte das pessoas deveria ser revista. Futebol é só futebol. Manolos, get a life! É claro que seria ótimo se a gente sempre ganhasse, aí todo mundo ficaria feliz e sairia festejando e se sentindo patriota. Mas, e depois?

Depois todo mundo iria limpar a cara e voltar ao trabalho.

Só estamos antecipando o inevitável.

Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense vuvuzelense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse…
Mas você não morre. Então levanta a cabeça e parte para outra, José!

Tantas outras coisas para festejar e a gente fica aqui perdendo tempo com FUTEBOL.
O riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?

O país do futebol chora. Menos eu.