sábado, 18 de dezembro de 2010

Neutral Milk Hotel.

Trilha sonora desta aprazível noite de verão  primavera.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nota #556

Quando eu estou triste, eu me imagino em uma floresta, densa e nublada, com um vento gelado no meu rosto.

E eu escuto violinos.


'tou triste agora, mas nem sei porque.

Esse vazio tão cheio.

A madrugada me deprime, e tudo começa a me doer em proporções imensas.

Eu lembro da sensação que me abatia quando eu acampava e sinto falta.
Hoje o céu está sem estrelas.

~

- Mas sabe, meu bem, talvez os melhores sonhos sejam aqueles que a gente não lembra. Começam sonhos, terminam sonhos. Aqueles, que você consegue lembrar talvez no máximo como uma sensação, mas não como uma lembrança concreta. Aqueles que, no momento em que você abre os olhos, se perdem, dispersam-se como fumaça e vão embora. Mesmo que você não lembre. Mesmo que você não saiba. Nós sonhamos todas as noites. Mas só acordamos alegres em algumas manhãs.
- Mas eu queria sonhar com você.

Marji had a violin.

Hoje eu assisti o Quebra Nozes no Guaíra.
Hoje eu vi a orquestra.

Hoje perdi um pouquinho do meu coração, de puro arrependimento por ter largado o violino.


Eu poderia estar lá.


Não sou tão boa como platéia.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Por outro lado...

"Mas, por outro lado,
encantado, apaixonado,
o coração,
como convém
quando se tem alguém
coladinho, colado."

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Do cotidiano.

Eu estava apressada.
Dia cinza, chuvoso, gelado. Correria de um lado para o outro. Só mais um médico. Só mais uma consulta. Só mais um resultado. O último (do dia).
E eu só queria pegar meu café quentinho e ir embora dali. Meu casaco comprido (não demais. Um pouco acima dos joelhos, bom para esquentar) totalmente molhado. O guarda chuva vermelho aberto, a sapatilha cheia d'água. E eu correndo.
A bolsa pendia no ombro, despreocupada, escorregando, enquanto eu lutava para manter a sombrinha sobre a cabeça, enquanto esforçava-me para manter o café tampado. Ele cozinhava meus dedos, porém meu corpo era gelado.
E meu coração era quente.

Foi quando aquelas duas moças me pararam. A mais nova, que não deve somar mais de vinte anos no RG, desfilava uma barriga enorme. Com um bebêzinho se formando, lá dentro. Estava com as mãos geladas, estava na chuva. E estava grávida. A mais velha, deveria ser a mãe, futura avó, estava com um papel em mãos. Perguntou-me sobre o endereço de uma rua. Franzi a testa ao afirmar que o endereço ficava a mais de três quilômetros dali. "Minha senhora, estamos quase na Praça do Japão. Este bairro aqui chama-se Batel. Vocês precisam ir até o centro." Emparelharam-se, abrigando-se da chuva. "Mas é tão longe assim, moça?". Senti um incômodo. Era muito longe. Estava frio. Estava chovendo. "É bastante longe sim. Calculo uns três, quatro quilômetros." "E a Rui Barbosa, é aqui perto?". Não era. Era ainda mais longe. "É longe sim. Faz o seguinte, desce mais umas duas quadras e pega um ônibus até lá. É um amarelinho. Nessas horas vocês conseguem ir sentadas!". Elas se entreolharam e sorriram. Me agradeceram ainda meio tímidas. Eu já estava encharcada. Meus ombros escorriam água. Meu café estava frio. "Obrigada, mocinha. Que Deus te abençoe." "Vão com Deus e se cuidem com essa chuva!" "Obrigada, querida! Que você tenha um feliz natal e todos os seus desejos se realizem." Elas viraram e atravessaram a rua. Eu ajeitei os óculos e corri para aproveitar o sinal de pedestres aberto.

Meu corpo era gelado.
E meu coração era muito, muito quente.