sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nota.

Gritara - alto, muito alto.

Mas para dentro.

Sexta à noite.

Ele tinha total certeza de que avistara uma silhueta estreita, talvez até imaginária.
Mas poderia ser somente um sonho.

Era tão tarde que já era cedo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Trecho.

"Você bem sabe que está vendo possibilidade na certeza de que não pode dar certo, né?"
-

"Se eu fosse você, seria o que eu faria. Mas, veja bem, "se eu fosse você" é um tanto diferente de "se eu estivesse no seu lugar"."
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"E, além do mais, eu acredito que todo mundo tem o direito de olhar a janela, ficar triste e morrer um pouquinho."
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"Eu já te disse um monte de vezes que ficar prorrogando o irremediável é fazer sofrer ainda mais."
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"Para mim amor não é isso. Amor é quando você escuta a música ruim que a outra pessoa gosta e vê poesia."
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"Não, paixão não é isso também. Paixão é quando você acorda pensando na pessoa porque foi dormir pensando nela."

Apêndice.

Enquanto a menininha pulava corda, a irmã usava uma para amarrar no pescoço e pular da cadeira.
Enquanto a família inteira chorava, a menininha sorria.
"Oba, agora o quarto é só pra mim".

Quote.

Sabe, amiguinhos, talvez tenhamos escolhido o ano errado para começar a viver.

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Qual o preço dessa flor?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

JP*

Minha estação preferida sempre foi o inverno.

Mas é que eu estou precisando tanto de um verão...

(E nem me venha com essa história de que esse ano tem La Niña e que o verão será insuportávelmente quente e seco. Eu quero e ponto final.)

*Vai saber o motivo, mas ao escrever esse post eu lembrei de um tal de JP, um piázinho que eu nem sequer conheço mas que, segundo o Will, não sabia o que era Discman nem Fita Cassete.

terça-feira, 25 de maio de 2010

:)

Vai, não é de ninguém mesmo. Toma pr'ocê.

"Esses dias eu acordei, era tarde já, e eu fui fazer um chá. O chá estava quente para caralho e me queimou a lingua. Mas eu nem liguei muito, já que eu tinha de tomar algo bem quente mesmo, para me aquecer. O frio está de rachar. O pior inverno que já enfrentei, mesmo ainda sendo outono, mesmo que as pessoas digam que ainda está quente, que já era para ter geado. Mania idiota essas que as pessoas tem, de menosprezar o que eu estou sentindo. O frio é meu, quem sente sou eu. Que droga.
Acontece que eu já estava atrasada (como todos os dias). Fiz tudo correndo, vesti minhas blusas e saí. O cabelo estava escondido pelo capuz, e mesmo que não estivesse, não faria muita diferença. Cruzaria com todas as pessoas com quem cruzo todos os dias, e elas já estão acostumadas a me ver descabelada, seja no frio ou no calor. Meu cabelo já fazem uns três dias que eu não penteio, e esse é o mesmo tempo que ele não é lavado. Como se alguém ligasse.
Eu estava bem agasalhada, mas ainda assim estava morrendo de frio. O que, na certa, era algo bem perceptível, a julgar pelo modo como meus lábios tremiam.
Mas aí eu te vi de longe, e você sorriu. Tive aquela sensação que começa no coração e termina no estômago.

Valeu meu dia, cara."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

E por falar em saudade.

Então eu fui estudar.
Ângulos, graus, lambda e beta.
Mas nada daquilo parecia fazer sentido.

Deitei na cama e fiquei olhando o teto
e escutando Vinicius de Morais, que deixei tocando, baixinho.
Cochilei.

Acordei com meu celular tocando.
Olhei o display.
Fiquei brava.
 Achei que era você.

Estampa.

As únicas coisas que (ainda) guardo
em minha memória
são as estampas de todos os seus vestidos.

(via)

Dezembro.

"Ah, que vontade de viver..."
(...)
"Já passou."


Dias assim dão tanto... sono.
É tudo tão cinza, tão chuvoso, tão gelado, tão melancólico...
Tanta coisa esperando para ser feita, tanto problema para ser resolvido, tanto papel para ser folheado, tanto chão para ser varrido...

Mas, não, encontro-me refugiada no calorzinho acalentador da minha cama e das minhas cobertas, sem vontade nenhuma de levantar e... reagir, como diria mamãe.

Estou surpresa ao notar (por agora conseguir admitir) o grande saudosismo daquelas quentes tardes de Dezembro.

domingo, 23 de maio de 2010

Augusto.

Ele era só uma fotografia.
Sujo, torto, idiota. Grosseiro, velho, imbecil. Beberrão.
Mas que ganhou minha afeição de imediato.

Sem som, sem cheiro. Só palavras. E aquela fotografia.

Meio sorriso, nariz torto, olhos vermelhos. A garrafa de vinho (provavelmente vazia) que repousava sobre seu colo, seu óculos pendurado descompromissadamente no colarinho.

Me apaixonei do pior jeito. Furiosamente, fervorosamente, devotamente.
Te esperava em cada sinal, esperava trombar com você a cada esquina. Sonhava com cartas, flores e abraços. Senti o gosto do vinho, o cheiro do cigarro. Masquei o mesmo chicletes, pisei na mesma calçada.

Te amei por três dias e nenhum conto de réu.

Domingo.

Agora que eu estou um centímetro mais alta, três quilos mais magra, que eu penteio o cabelo, que consigo tocar Bach, que não esqueço minhas chaves, nem a carteirinha do colégio, nem o guarda chuva, agora que eu sou o orgulho da família, que sempre limpo os óculos, que sempre amarro o tênis, que larguei os bets de todos os caras por quem nutria paixões platônicas (ou quase todos) (putz, os imaginários // escritores // músicos não contam, né?) (todos), agora que eu não esqueço de dar banho nos cachorros, que lavo a louça, que arrumo o guarda roupa, que estudo, que quase não caio mais, que retorno ligações, que sorrio, que acordo na hora certa...

Agora que eu faço tudo isso, eu percebo que sou feliz,
Só não estou.