quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Top 3 - Porteiros que, por coincidência, também eram caras legais

Alexandre Pires me mostrou, ainda quando pequena, o senso de urgência e importância existente no ato de um cara conhecer o porteiro do prédio da guria. O trecho icônico de "Interfone", quando ele diz que "o porteiro é novo, ele não me conhece, 'tá cheio de suspeita, 'tá desconfiado" e como isso o impede de subir e amar a moçoila, eu soube que todos os porteiros deveriam conhecer meu talvez-existente-no-futuro namorado. Aí eu mudei de condomínio e, agora que tenho namorado, não tenho porteiro para ser apresentado. O que deve ser a vida ironizando com a minha cara por eu ter me preocupado tanto em algo me fundamentando apenas em uma música do Alexandre Pires. Sério, cara, quem faz isso?

# 01, Seu Nelson
Quando eu era menor e morava do outro lado da cidade, eu não tinha muitos amigos (menos que agora, veja bem). Então não era de se espantar que eu passasse boa parte das minhas tardes conversando com os porteiros. Dentre eles, estava o seu Nelson. Seu Nelson era um cara alto e era velhinho e, toda vez que eu chegava em casa, ele dizia algo como "Ô, menina...!" e me dava balinhas. Tem como não gostar de um porteiro que te dá balinhas? Eu conversava muito com o seu Nelson e ficava magoada com ele quando ele fumava. Quando meu vô era vivo, os dois fumavam juntos, e isso me deixava um bocado perturbada. Um dia o seu Nelson sumiu e eu soube que ele estava internado por causa do cigarro e da diabetes. Quando ele voltou, ele tinha amputado alguns dedos e não fumava mais. Esses tempos, passando por perto do condomínio, parei lá para dar um abraço nele. Ao me abraçar ele disse coisas como "Eu lembro de você pequenininha". Seu Nelson deve ter sido um dos poucos amigos de verdade que eu já tive.

#02, Seu Altair
Seu Altair não era tão meu amigo, mas me deixava me esconder no banheiro da portaria quando eu e o Luis brincávamos de esconde-esconde. Uma vez ele me deixou esconder embaixo dos monitores das câmeras de segurança do condomínio e nesse dia eu ganhei a brincadeira. Ele tinha as unhas aparadas do tamanho certo, menos a do dedo mínimo, que era um bocado avantajada. Ele usava-a para separar as cartas de maneira engraçada e coçar o nariz. Minha mãe achava isso nojento.

#03, Seu Guinervaldo
Guinervaldo era um cara engraçado. Eu só o via nas madrugadas de ano novo, porque ele era o porteiro da madrugada e, sabe, eu era uma menina de família que só chegava cedo em casa. As vezes meus pais tinham de me levar no médico durante a noite e, quando a gente voltava, o Seu Guinervaldo estava dormindo e demorava para abrir o portão para a gente. Quando ele acordava e nos notava lá, ele limpava os olhos e sorria de um jeito muito peculiar. A cabeça dele nunca pareceu ser proporcional ao corpo e eu achava que ele parecia ser um mine craque, embora não consiga especificar bem qual.