terça-feira, 30 de março de 2010

Body Of The Years.

Rotina. O que antes me trazia paz e conforto agora me enerva demasiadamente. E ainda é cedo para isso. Estamos em Março. Essa dita cuja - rotina - anteriormente me deixava tremendamente confortável, saciando boa parte do meu desejo de ter controle de tudo, agora me bota depressiva.

Nunca me surpreendo, nunca mudo. É diferente, mas para mim é tudo igual. Sempre os mesmos dias, em uma sucessão interminável de horas, que já deixaram de fazer sentido à algum tempo. Cansei. E esses horários jacus que eu faço... Só me deixam ainda mais cansada e, consequentemente, estressada. Me deito às 23:00 hrs e acabo dormindo lá pelas 04:00 hrs. Às 06:30 já estou levantando, para mais um dia de tédio. E tudo continua sendo a mesma coisa. O mesmo caminho, as mesmas pessoas, os mesmos pensamentos, sendo usados e reciclados, de um modo quase exemplar (se estivéssemos falando de lixo). Não que eu esteja cansada da minha vida. Longe disso. Ela só é... Parada. Como se eu estivesse na Fita de Möbius, atravessando, atravessando, e sempre chegando ao mesmo lado. Começo à dar ouvidos a todas aquelas porcarias que um alguém (aliás, muitos alguéns) me cuspiram. Eu preciso viver.

Mas viver para que? Por que?
Eu queria acordar de manhã motivada, com uma razão, um objetivo. Nem que seja para ficar rica um dia, olhar o céu, usar meu tênis vermelho, sei lá. Um motivo. Abrir os olhos e saber que de certo modo eu tenho coisas que preciso fazer. Que preciso e quero. Coisas que eu preciso eu já tenho de montes. E não as faço. Não adianta. Nem vou começar com aquele papo de que tô estudando para caramba porque eu não 'tou. E eu não estou nem um pouquinho animada para as malditas provas que farei no fim do ano. Não sei se é isso que eu quero, se é esse. Só sei de todos os precisos, que ficam indo e vindo. Preciso decidir o curso, preciso passar. Preciso orgulhar a galera, preciso ser alguém na vida.

Alguém.
Como se agora eu não fosse ninguém, não fosse nada.

Eu estou aqui, andando, comendo e respirando. Eu devo ser alguém. Mesmo que (no momento) eu não sirva para porcaria nenhuma, eu sou alguém.

Um dia, Chuck Palahniuk disse que nós não somos eternos, mas que devemos criar algo que será.
Para ele é fácil dizer. O cara é fodidamente genial, bicha bem resolvida, que escreve tudo o que eu preciso saber. Mas agora me pergunta se alguém quer saber qual é o meu livro preferido escrito por ele, qual o personagem que eu mais gosto. Querem nada. Só o que importa são milhões de fórmulas rabiscadas, cheias de letras gregas e números.

Aí vem alguém e me diz que eu tenho que fazer o que eu amo. Agora lhe pergunto se o que eu amo vai me sustentar, se vai me dar um teto, comida, roupa lavada e banda larga. Não vai. Essas pessoinhas aí só fazem o que não gostam, para conseguirem bancar o que gostam. E eu estou me tornando uma dessas pessoinhas. Se é que já não me tornei. Eu sou a pessoinha tal, que foi cuidadosamente podada, desde o nascimento. Aprendi que não se pode mastigar de boca aberta, que é feio falar o que a gente pensa, que se tem que dizer "Obrigado" quando alguém faz algo por você.

Obrigado.

Você já pensou nessa palavra? A pessoa te faz um favor e você responde com "Obrigado". Poxa, é favor ou obrigação?

Enfim, pulando deste devaneio para o anterior, venho sendo podada. Sou uma pessoa cheia de vergonhas e de nãos, que digo para mim mesma, a todo instante. Preocupações infrutíferas e sem sentido, que só servem para fazer eu pensar no que não devo fazer, ao invés do que quero.

E agora que eu já cresci não posso ser imprudente e lançar a bandeira do Foda-se (Palavra que não deve nem ser dita por uma moça respeitável, a qual deveria ser). Eu tenho mais é que aceitar o que os outros me dizem. Tenho que concordar com cada palavra, cada ponto final. E eu concordo.

Sabe, tem tanta coisa que eu queria fazer, que eu queria dizer... Cada merdinha que eu queria expressar e sentir...

Eu queria descobrir quem sou eu. Pode parecer clichê, mas eu não sei. De verdade.

Digo, já não sei do que gosto, já não sei o que quero.
Só sei o que odeio. E é uma lista bem grande.

Eu não sei se quero resolver meus problemas, se é que eles existem. Eu só queria fechar os olhos de noite e acordar de manhã pensando no que vou mudar. Mudar de acordo com a minha vontade.

Enquanto isso, deixe-me ir. Já estou atrasada, para qualquer coisa desimportante o bastante a ponto de me fazer levantar.

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