segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Neighbor down the hall*

 Eu queria que você morasse mais perto de mim. Assim, do outro lado da rua. Ou na rua de trás. Ou duas quadras para frente, porque é a parte do bairro que eu gosto mais.
 Não, não, eu queria que você fosse meu vizinho. Assim, vizinho de porta, porque aí quando faltasse açúcar ou chá aqui em casa eu iria na sua buscar e te roubava um abraço. Eu queria que você fosse meu vizinho, p'ra gente assistir filme até tarde e depois que a gente cansasse da bagunça da minha casa a gente poderia ir para a sua. E fazer mais bagunça lá. Eu queria que você fosse meu vizinho, porque quando eu ficasse com frio nos pés eu poderia te chamar para me esquentar. Eu queria que você fosse meu vizinho, porque, se você fosse, eu poderia bater na tua porta e ir dormir com você se eu sentisse medo. E eu sinto.
 Eu queria que você fosse meu vizinho, mas o vizinho da janela da frente, para a gente improvisar um correio com cordões e eu te passar um monte de post-its com mensagens de amor e corações. Eu queria que você morasse na janela da frente da minha, para eu te acordar toda manhã, com uma pedra estalando na sua janela, ver sua cara de sono e desejar bom dia. Eu queria que você fosse meu vizinho, porque se você fosse meu vizinho eu poderia te pedir para abrir um pote de picles e te pedir para ficar. E você ficaria.
 Eu queria que você fosse meu vizinho, porque aí a gente poderia ficar na nossa praça olhando as estrelas durante a madrugada nos dias que a gente quisesse, mesmo que fosse dia de semana.
 Mas já que você não é meu vizinho, tem problema não. Eu pego um ônibus, vou correndo, peço até carona para te encontrar.

*Benji Hughes

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