quinta-feira, 29 de julho de 2010

Contato imediato de zero grau.

Início de transmissão.
Latitude 25º25 s, 23:42, tocando "Hora de Partir", da Sabonetes.

Bem, agora já são 23:43.
As minhas cortinas estão abertas, assim como ontem. Aliás, gostaria de ter escrito este texto ontem. De madrugada, o céu estava no meu tom noturno preferido: Aquele marrom avermelhado, quase preto em cima, e bastante neblina. Particularmente excluiria a neblina, mas tudo bem. O céu estava bonito, e a lua estava enorme.

Agora está tocando "Hotel".
"Ah, o tempo passa e eu penso demais, para dizer ao vento o que me satisfaz, tanto faz, o tempo passa e eu penso demais. Pode ser que eu tenha te deixado para trás... E eu sigo... E eu minto... E eu sinto"

A lua de hoje está bonita também. Um pouco menor, mas igualmente brilhante. Eu sou apaixonada pela luz da lua. Hoje está ventando mais, e as nuvens estão brincando de cobrir o luar. É engraçado. Toda vez em que vejo a lua sendo coberta assim eu me lembro de algo, que na verdade não sei se é lembrança ou invenção. Meu tio avô tinha um consultório odontológico no centro de Curitiba (do lado daquela confeitaria maravilhosa! Olhe só, ponto estratégico...) e ele sempre me deixava brincar com umas seringas (não eram bem seringas... Bem, imagino que serviam para  aplicar aquela massinha das restaurações, mas isso não vem ao caso.) Não me lembro bem ao certo do consultório, mas ele era grande, e na verdade nem parecia um consultório odontológico. Voltando a lua, toda vez que eu olho ela assim, me lembro dos azulejos azuis do banheiro. Mas não era aquele azul de velha, era um azul escuro e bonito (aliás, tenho um esmalte com o tom similar!). Loucura, né? Eu vejo a lua e lembro de azulejos que talvez cobriram o banheiro do consultório odontológico do meu tio avô. E mesmo assim acho a lua bonita.

Eu não sei o motivo de estar escrevendo isso. Na verdade eu queria ter contado isso para alguém. Mas alguém não existe. Eu sei que é clichê e chato falar sobre isso, mas ninguém se importa com esse tipo de coisa.

A ventarola do meu quarto está aberta e o vento que sopra é gelado. E eu estou escutando Sabonetes. Tá aí outra coisa engraçada. Em Janeiro eu estava nesta mesma posição, escutando as mesmas músicas, mas com a janela totalmente escancarada e os pés para fora. E eu passava as madrugadas sonhando. Acordada.

23:57, e a lua foi coberta.

Ontem, mais ou menos neste horário, ou talvez um pouco mais tarde, eu estava olhando para o céu e lembrando da época em que eu acampava. Quando isso acontecia, eu sempre me dispersava para olhar o céu. As estrelas eram em maior número, eram mais brilhantes... Lembro de uma vez em particular. Não sei o local, nem a data, nem nada, mas lembro que subi um morro, com alguém, e vi, lá de cima, os carros passando na estrada, lá longe. Só os faróis brilhando. E o céu. E as estrelas.

Hoje o céu não tem estrelas. A lua está coberta. Não está quente e meus pés não estão para fora.

E eu já não sonho mais.

00:01, fim de transmissão.

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