segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Dia 14 de Setembro de 2009, às 15:02.

"(...) A luta entre a juventude e a velhice ou, para ser mais exato, entre a puberdade e a maturidade - tem uma dinâmica própria, estimula o fluxo deadrenalina, dá um novo interesse à vida e é bem mais aceitável do que a luta de classes, ou a guerra entre dois países, além de basear-se romanticamenteem velhos mitos. Mas ela tem um problema que não encontramos nas divisões mais antigas: quando lutamos pela posse de um pedaço de terra ou por dinheiro, estamos lutando por objetos sólidos, que ocupam um lugar no espaço. O conflito entre a juventude e a idade madura é uma guerra no tempo. A juventude é uma trapassa no tempo, algo que não dura. Transforma-se em maturidade ou velhice, seus opostos e inimigos, sem que ninguém possa dizer exatamente em qe ponto é cruzada a fronteira que os separa. A velhice não dura, mas acaba na morte, algo bem definido e indiscutível. Os jovens vão e vêm, a juventude permanece. Todo jovem necessita obter a confirmação da própia juventude através de sua integração ao grupo: se convive com outros jovens e é aceito por eles, tem certeza de que é jovem também. Os velhos não têm necessidade de ver sua velhice confirmada pelo grupo e esperam morrer sozinhos.
O grupo preocupa-se menos em fazer do que em ser. Não pode ser definido em termos de continuidade de seus membros nem há, propriamente, uma continuidade de cultura. O importante é ficar juntos, desfrutando a mocidade. Há certas atividades, na verdade quase uma forma de não fazer nada - como consumir tóxicos leves, narcóticos e alucinógenos, e ouvir Rock Marcelo D2 e Gloria haha, oi - que atuam como substitutos da arte e da educação. Uma leve sensação de alheamento da cultura e das leis dos mais velhos já satisfaz aos jovens, sem que haja necessidade de reforçar esse distanciamento por atos de agressão. Infelizmente são os agentes da gerontocraciam ou as leis dos velhos, que agem como agressores, exigindo submissão. E a juventude, que se contenta apenas em ser, é obrigada a trocar o essencial pelo existencial. O grupo se define à maneira de uma sociedade madura, através da política e do que ficou conhecido como contracultura. Tal como os integrantes de uma comunidade do século XIX, eles se opõem à ordem estabelecida embora (o que os torna muito Bakunianos) sem qualquer esperança de derrotá-la. (...)"

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- O que podemos tirar disso?
- ANARQUIA, MANO!

3 comentários:

Bruno -n disse...

Glória.

Madame Morte disse...

E como já cantava o Chaves; "Se você é jovem ainda, amanhã velho será."

Não necessáriamente estamos aqui para fazer algo, talvez, apenas para ser.De que servem os grandes pensadores e artistas se não para nos fazer passar o tempo?Seja qual for a forma de emprego do seu tempo, é apenas perda de tempo.As gerações passadas fizeram o mesmo e as futuras também o farão.Talvez tudo que façamos seja só uma forma de tornar as coisas menos desconfortáveis enquanto existimos, pois enquanto existimos, desejamos, e nunca é o suficiente.Sempre precisamos de mais, até que não haja mais.

um "A" pra você, rs.Aquele "A" grandão e mal desenhado que os jóvi gostam de pichar em suas respectivas mochilas e paredes.Ou uma foice e um martelo talvez, só pra não dizer que eu não sou revolucionário...(¬¬²)

Samira Baião. disse...

Meu avô de 89 anos fica triste quando volta melhor da fisioterapia. Disse que combinou que viveria até os 80, e tá aí até agora.

Nem sei porque falei isso. Mas falei.